Sou um cosmonauta, leve, solto, deslizando deliciosamente pelo espaço.
Ela, o universo.
Estou perdido em sua imensidão. Fascinado com cada ponto brilhante em todo o infinito. Cada passo de dança das órbitas planetárias. Cada nebulosa que em seu ventre concebe uma estrela.
Há uma nebulosa em mim.
E sua cria, como uma ogiva de antimatéria, neutralizou o buraco negro que consumia tudo em meu peito. Como consequência, há um rasgo dimensional que criamos.
Aparentemente temos o poder de dobrar o tempo.
Que parece que não existe. As horas mais segundais de nossas vidas. Os meses mais diários.
Calendário não faz sentido para nosso céu profundo.
Já pra mim, veterano cosmonauta, aparentemente tudo, só agora, faz sentido.
Só agora entendo como duas galáxias podem se chocar e suas forças gravitacionais a transformarem em apenas uma.
Estando eu, aqui, perdido nela, somos apenas um.
Estou com ela.
Estou entre quasares e supernovas.
Apostando corrida em cinturão de asteroides. Chupando Plutão como Pirulito POP.
Estou livre.