Colores Filmes


COMO FUI PARAR NA COLORES FILMES?

Depois de quase uma década produzindo audiovisual para empresas, finalmente fui parar… numa empresa de audiovisual.

Meu ingresso na Colores rolou com muito amor envolvido. Isaque, diretor de fotografia do meu xodó Lugar Sem Direção e pessoa profundamente querida (apresentada por uma pessoa profundamente amada), me indicou ao Kant quando soube que ele tava procurando um assistente.

Não rolou entrevista formal. O próprio contexto do convite — que não cabe expor aqui — já mostrava que era um ambiente onde eu podia me encaixar. Entrei pra assistir em montagem e, como sempre jogo de suporte, apresentei o Notion aos processos da empresa. Mapeei um mói de HDs e transformei tudo num banco de dados funcional.

Com o que aprendi de gestão de processos no Armazém Paraíba e essa minha bagagem de Notion (minha ferramenta principal pra organizar o trampo e a vida desde 2020), montei uma solução multidepartamental que ajudou a organizar o fluxo de trabalho. Depois, o projeto cresceu, ganhou orçamento, cronograma e outras turbinadas pelas mãos do Rafa, que manja muito de gestão.


COMO FOI MINHA EXPERIÊNCIA NA COLORES FILMES

Na Colores, tive a oportunidade de trabalhar com empresas grandes e de setores variados, como a Heineken Brasil e o Hospital HNSN. Também embarquei na assistência de montagem e finalização de roadtrips intimistas com Ronaldo Fraga e Ernesto Paglia, como essa aqui:

Ao contrário de certas empresas, a Colores era de fato uma empresa familiar — e isso fez diferença num momento em que acolhimento era exatamente o que eu precisava.

Qual empresa “familiar” você conhece que já precisou evacuar a ilha de edição por causa de um vazamento de fralda? KLKKKKKK. Teve seu caos, mas teve muito cuidado também. E isso me marcou.


POR QUE SAÍ DA COLORES FILMES?

Além do Isaque já citado, conversei com outros montadores que também ficaram por cerca de um ano. Pelo que percebi, esse é o ciclo natural da casa.

Quando ouvi que “um dia eu poderia estar ensinando também” — sendo que já era especialista em roteiro e montagem há quase uma década, com uma longa carreira no teatro, além de experiência com oficinas e escrita sobre comunicação — percebi que, apesar do clima mais leve que em qualquer empresa anterior, a verticalidade era a mesma.

Cheguei com o papo de dar assistência ao Kant, mas com o tempo senti que esperavam que eu virasse um Kant II. E eu não tenho interesse nenhum nisso. Tô satisfeitíssimo sendo o Laureano I. Quer dizer… Eu sou Junior, então tecnicamente sou II, mas nesse contexto acho mais apropriado Laureano TURBO POWER DELUXE ULTIMATE COLLECTOR’S EDITION.

Apesar dos apesares, aprendi pacas. Mais em um ano de Colores do que em dois de UFPB. E mais do que aprender: refinei processos e percebi — como falei lá em cima — que gestão de tarefas e projetos dentro da produção audiovisual é mesmo minha vibe.

Sempre fui nerd de produtividade. Criar templates e automações me sai natural, tanto no macro quanto no micro. Se parecer abstrato, tem um exemplo:

Me apresentaram um processo de “mistura de luz” entre chroma e fundo. Eram 10 passos, sem nome. Meu cérebro hiperativo quase entrou em curto. No meio eu já tinha esquecido do começo e no fim, nem lembrava mais do meio. E mesmo estando há anos de conhecer o termo “Pensamento Computacional”, apliquei quase todos os seus pilares: reconheci o padrão dessas operações descobrindo que se chamava light wrap. Com o termo certo, entendi melhor o conceito e decompus o problema:

Desenhando fica mais fácil

Light Wrapping é “envelopar” as bordas do chroma com um desfoque da camada ao fundo pra evitar que elas fiquem ásperas demais e chamem atenção, deixando o chroma melhor integrado à cena. Agora conhecendo o problema pelo nome e sabendo de seus pormenores, pude redesenhar todo o fluxo e automatizar os 10 passos em 5, além de deixar a operação facilmente replicável ( e hoje o After tem plugin que acelera inda mais esse processo, heh).

Esse tipo de aprendizado me mostrou o quanto amadureci tecnicamente. Me sinto entrando numa nova fase, mais seguro não só da qualidade do produto final, mas da minha capacidade de desenvolver sistemas que aceleram a esteira de produção audiovisual de ponta a ponta. Desde estruturar a concepção de ideias em roteiros sólidos baseado nos meus estudos em narratologia (que comecei a levar a sério em 2017), até agora com esses fluxos de trabalho otimizados que se personalizam às demandas da vez - unindo várias etapas de automação com templates, plugins, ou só execução otimizada, mesmo. Esses sistemas tem funcionado tão bem que Pós-Colores, esses meus templates e fluxos otimizados são usados por camaradas de ilha. Eu não só edito: crio soluções escalonáveis pra trabalhar melhor e em larga escala que melhora meu trampo e o de quem tiver editando comigo. A Colores foi um marco por ter explicitado algo que nem tava prestando atenção: ultrapassei o limiar de Junior pra me tornar um editor Pleno.

E também ficou claro qual deveria ser meu próximo passo.


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