AVIDA
São doze e um agora.
E então, cansados de nada pra fazer,
nascemos.
Rompemos o véu da inexistência e impomos
nossa massa e nossa graça.
Somos roliços, redondos, reais
Bebês tão bonitos quanto joelhos
Filhotes fracos, frágeis e finitos.
Pele sem pelos.
Chatos choros e xingamentos chiantes.
Queremos crescer.
E comer.
Então, cansados de comer e chorar e feder,
crescemos.
A criancidade.
Queremos brincar.
Viver.
Crianças criadas na criogenia fria das crias.
Corremos, comemos,
Pulamos brincamos.
A vida
escorrega
pelos
dedos.
E sem notar, adolescemos.
Pelos e pelos.
Fazemos mais barulho que nunca.
Queremos beber, comer, gritar, correr, expressar, explorar.
Sentimos a necessidade de fazer barulho
mas não temos motivo algum.
Pulamos sem saber a gravidade da gravidade.
Adultecemos.
Corremos, mas sem querer.
Não temos tempo pra nada.
Queremos descer.
Pelos Apelos.
Temos vários motivos
mas não fazemos barulho algum.
Os dedos
escorregam
pela
vida.
E cansados de tudo
Envelhecemos.
Flácidos, flatulentos e flagelados.
Velhos tão belos quanto cotovelos.
Pelanca peluda
Xingamos, arrastamo-nos
pelo tempo arrastado.
Queremos parar.
E então às onze e cinquenta e nove tudo para.
E as doze não passamos de uma célula.
Sem nada pra fazer.


2012

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